“Quem só Medicina sabe, nem Medicina sabe.” Mark Twain
Qualquer estudante de Medicina conhece esta afirmação. No entanto, conhecer “só Medicina” já não demandaria um esforço enorme? Não insinuo, com este questionamento, que o Médico não deva conhecer assuntos outros, que não a profissão. O que digo é que conhecer, ainda que minimamente, a Medicina exige (muito) estudo, o qual deve seguir pela vida afora.
Na semana passada, fui procurado por uma paciente interessada no exame Oftálmico de rotina. Na fase da entrevista, questionada sobre condições gerais de saúde, a paciente não referiu nada de importante. Assim que comecei o exame de Refratometria, para a provável prescrição de óculos, ela mencionou espontaneamente: “Doutor, há 2 semanas, venho notando que meu olho esquerdo fecha mais devagar…“. Interrompi o exame, olhei atentamente para a paciente e notei que o espaço entre as pálpebras superior e inferior no olho esquerdo era sutilmente menor que no direito. Pedi que a paciente piscasse e notei que, de fato, a movimentação da pálpebra superior do olho esquerdo estava discretamente lentificada. Numa paciente de cerca de 40 anos, aparentemente saudável em consulta de rotina… o quanto tal situação deveria ser valorizada? Completei minha avaliação, então comecei a orientar a paciente.
Não é difícil imaginar o quanto a Medicina aborda assuntos distintos: da Obstetrícia, passando pela Ortopedia, Cardiologia… entre outras (o Conselho Federal de Medicina reconhece 55 especialidades médicas). Cabe ao Médico conhecer, ao menos, o essencial e cada uma dessas áreas. Ainda assim, recomenda-se ao Médico, que aprofunde os conhecimentos da área de atuação principal. Para tanto, o profissional conta com pós-graduações Latu Sensu (Residência Médica), Strictu Sensu (Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado), além da Educação Médica Continuada (Cursos, Jornadas, Congressos e leitura de publicações técnico-científicas). Na minha prática diária, os assuntos prevalentes são óculos, lentes de contato, Ceratocone, Cirurgia Refrativa e de Catarata. Aquela queixa soou um pouco estranha a princípio… mesmo assim, a valorizei. Há uma doença da transmissão neuromuscular chamada Miastenia Grave, a qual pode permanecer restrita aos olhos e pálpebras, ou generalizar-se acometendo a musculatura de qualquer parte do corpo. Desde 2003, ano de minha formatura, não lia nada a respeito desta doença, mas saber que algo poderia justificar a queixa aparentemente inusitada fez toda a diferença: a paciente fora encaminhada a um Neurologista, o qual teve a mesma impressão sobre o diagnóstico.
Sem qualquer pretensão de vangloriar-me pelo caso (honestamente, acredito ter cumprido o que se espera do meu trabalho somente), a situação ilustra como a Oftalmologia, enquanto especialidade, vai muito além da prescrição de óculos; bem como o quanto deve atuar de modo integrado a outras especialidades médicas, como abordamos em post anterior.
Consulte-se regularmente com seu Oftalmologista de confiança, este profissional pode cuidar da saúde de seus olhos… e muito mais. Até o próximo post.
Giuliano Freitas – Oftalmologista.
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