Vez ou outra, no consultório, ouço de pacientes que, minutos após a aplicação de cosméticos nas pálpebras ou cílios, tem início uma sensação desconfortável de “areia” nos olhos, lacrimejamento, fotofobia e congestão conjuntival. Isto, considerando-se o uso de produtos de boa qualidade, em condições de utilização recomendadas pelos fabricantes.
Nesses casos, a primeira possibilidade que considero é a ocorrência de olho seco. Como muitos cosméticos compõem-se de pós muito finos, quantidades, ainda que pequenas desse material particulado podem alcançar a superfície ocular, a qual não estando devidamente lubrificada, torna-se mais vulnerável à irritação. Produtos que tenham pH (medida de acidez) muito diferente daquela da lágrima, também podem irritar os olhos. Mais raramente, mas, ainda assim possíveis, são reações alérgicas a componentes dos cosméticos, entre pessoas susceptíveis, ou contaminação por diversos microorganismos, particularmente em casos de compartilhamento de cosméticos com outros usuários. Acidentes de aplicação, com instrumentos como pincéis ou “escovinhas”, ocasionalmente, ocorrem. Um último ponto que merece ser destacado é o uso de cílios postiços, os quais demandam ser colados aos cílios naturais ou ao bordo palpebral: eventualmente, a cola, já seca, pode causas abrasões corneanas, que por sí, já, são extremamente desconfortáveis e, ainda, abrem caminho p/ infecções secundárias, c/ potencial de comprometimento visual.
Não há motivos, a priori, que contra-indiquem o uso de cosméticos próximo aos olhos. Mas, caso irritações oculares ocorram repetidamente, uma avaliação criteriosa c/ o Oftalmologista passa a ser indicada.
Até o próximo post.
Giuliano Freitas – Oftalmologista.
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