Qualquer irritação persistente, ou recorrente, é por vezes rotulada erroneamente como “alergia“. Com a blefarite, ocorre exatamente isto: pacientes acreditam ser alérgica, uma doença cujas causas não têm qualquer relação com hipersensibilidade.
Blefarite é a inflamação persistente dos bordos palpebrais (onde se localizam os cílios). É um achado comum entre pacientes em exame ocular de rotina, principalmente entre pessoas com pele oleosa. O quadro clínico é muito variável, ocorrendo formas leves e pouco incomodativas, a formas evidentes, nas quais vermelhidão e ardência ocular, descamação semelhante a “caspa” entre os cílios e fotofobia são queixas rotineiras. Períodos de melhora ou piora espontâneas costumam ocorrer. Terçóis e calázios são mais frequentes entre portadores de blefarite, do que em pessoas sem esta doença.
Não é uma doença para a qual haja cura, mas controle. Habitualmente, pacientes devem promover a higienização pas pálpebras com xampu neutro infantil (idealmente, diluído em água morna). Situações originadas ou agravadas pela blefarite, como olho seco e terçóis devem receber tratamento médico apropriado, caso a caso. O que não faz sentido, em relação à blefarite, é o uso de “anti-alérgicos”, os quais seriam inócuos na melhor das hipóteses.
Até o próximo post.
Giuliano Freitas – Oftalmologista.
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