Poucos tabus permanecem, aparentemente, intocáveis como falar francamente sobre o Pagamento pelo Trabalho Médico. A rigor, para qualquer produto ou serviço há algum preço a ser pago: no cafezinho, pelo acesso à Internet ou para a compra de um imóvel, há o desembolso de algum valor. A bem da verdade, para qualquer desses exemplos existe variação imensa de valores: o cafezinho pode custar de R$ 3,00 a R$ 30,00, para ficarmos num exemplo… A precificação de qualquer produto ou serviço leva em consideração uma série de fatores, alguns pouco evidentes aos olhos do consumidor: gastos com matérias-primas ou insumos, salários e encargos trabalhistas, impostos e o valor do capital intelectual específico de cada atividade são exemplos representativos (certamente, esta lista poderia ser muito mais detalhada, mas não é esta a intenção deste texto). Em conformidade com a lógica de mercado, consumidores desejam os “melhores” produtos ou serviços aos menores valores possíveis. Entretanto, esta mesma lógica impõe limites tanto às expectativas, quanto aos custos.
Três dias atrás, indiquei uma cirurgia de catarata a um de meus pacientes. Como de costume, recomendei 3 tipos de lente intraocular (insumo indispensável ao procedimento): um modelo básico (obviamente de menor custo), outro com maiores chances de tornar o paciente independente do uso de óculos (mais caro, justamente por oferecer tal vantagem), além de um modelo intermediário. O paciente manifestou, com certa irritação, que “…todas são caras… pensei que não custariam mais do que umas 10 garrafas de cerveja…”. Há 2 situações em que recomendo que o paciente procure por uma segunda opinião… a qual deve ser de livre escolha do paciente, de forma a garantir isenção: quando o diagnóstico imponha alguma limitação à qualidade de vida, ou quando os custos inerentes ao tratamento sejam considerados elevados pelo paciente. Assim, respeitosamente, sugeri que o paciente contasse com uma segunda opinião médica.
Acredito que a relação Médico-Paciente deva ser fundamentada na confiança recíproca. Por qualquer razão, havendo prejuízos a essa confiança, haverá prejuízos à própria relação, eventualmente, de modo irremediável. O que tenho notado, em mais de 15 anos de prática médica, é que o pagamento de Honorários Médicos vem se tornando fator de desgaste cada vez mais comum no relacionamento entre pacientes e médicos. Transpor o tabu sobre o tema, pode ser um dos caminhos para que se aborde adequadamente a questão, de modo a resolvê-la.
Até o próximo post.
Giuliano Freitas – Oftalmologista.
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