Algumas enfermidades oculares preexistentes, como a retinopatia diabética ou as ectasias corneanas, podem sofrer agravamento durante a gravidez. A retinopatia associada à preeclâmpsia pode acometer olhos previamente saudáveis. Segue breve resumo destas doenças:
- Retinopatia Diabética: Entre gestantes diabéticas sem evidências de retinopatia, até 10% desenvolverão alterações retinianas; entre aquelas que já apresentavam retinopatia, cerca de metade apresentará algum agravamento. Dificilmente, pacientes com diabetes gestacional, ou seja, aquele iniciado por ocasião da gravidez, apresentarão sinais de retinopatia. Como regra geral, avaliação da retina durante o primeiro trimestre de gestação está indicada a gestantes diabéticas, mesmo sem queixas visuais. Há casos de regressão espontânea da retinopatia após o parto; no entanto, há situações em que tratamento a LASER pode estar indicado.
- Ectasias Corneanas: Não existem estatísticas bem estabelecidas quanto ao percentual de gestantes acometidas, mas sabe-se que pode haver agravamento das ectasias corneanas, como no ceratocone ou na degeneração marginal pelúcida (como aquela mostrada na ilustração deste post). A realização preventiva de cross-linking anteriormente a uma gestação planejada, pode estar indicada; já a execução desta modalidade de tratamento na vigência de uma gravidez deve ser evitada, uma vez que não há estudos sobre potenciais efeitos sobre o desenvolvimento do bebê.
- Preeclâmpsia: Constitui complicação hipertensiva que acomete cerca de 5% das gestações. De cada 3 gestantes com preeclâmpsia, ao menos 1 delas terá sequela retiniana, com consequente comprometimento visual. O aspecto da retina entre essas pacientes é muito semelhante ao encontrado nos casos de retinopatia hipertensiva, já abordada em outro post.
A interconsulta da gestante com o Oftalmologista pode ser útil nestas, entre outras, situações; informe-se com seu Obstetra de confiança.
Até o próximo post.
Giuliano Freitas – Oftalmologista.